sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

BOLO RAINHA - "A SOBERANA" (curiosidades)

TEM NOME NOBRE MAS PERTENCE AO POVO E EMBORA SE POSSA ENCONTRAR À MESA DE QUALQUER UM, EM QUALQUER MÊS DO ANO, É NA QUADRA NATALÍCIA QUE ASSUMEM FESTIVAMENTE O SEU REAL PAPEL DE PRIMAZIA NA HISTÓRIA DA DOÇARIA TRADICIONAL. ENTRE FINAIS DE NOVEMBRO E MEADOS DE JANEIRO, O BOLO-REI E O BOLO-RAINHA SÃO REALMENTE SOBERANOS.
Mais do que uma simples iguaria típica, estes soberbos “anéis de frutos” secos e cristalizados, contendo um brinde e uma fava, é também, a coroa de glória de muitos pasteleiros e vem imbuído de simbologia – A côdea representando o ouro, os frutos evocando a mirra e o aroma lembrando o incenso. Com efeito, a lenda relaciona-os com os Reis Magos e os presentes oferecidos ao Menino, mesmo no caso da imprescindível fava – “fruto” de sorteio e votação – com que se pretendeu escolher qual dos Magos seria emissário, junto de Jesus. Substituída temporariamente por um brinde, a fava voltaria a ser recuperada sem anular a prenda.
História e lenda misturam-se, assim, na massa levedada desta iguaria ancestral que adquiriu nome definitivo em França, no séc. XVII, para assinalar o Ano Novo e o Dia de Reis, na corte de Luís XIV. Sobrevivendo à chama da Revolução, o “Gateau des Rois” do Rei Sol, que o povo converteu em “Gateau des Sans Cullotes”, só foi introduzido em Portugal em meados do séc. XIX, mantendo-se até hoje indestronável.
Desde as primeiras receitas trazidas directamente de Paris para Lisboa, o bolo-rei português desdobrou-se e recriou-se ao longo de mais de meio século. Atravessou a revolução republicana, rebaptizado como “Bolo Presidente” e “Bolo Arriaga” e conseguiu reassumir-me na fórmula importada da capital francesa, mas cuja verdadeira origem remete, segundo os especialistas, à zona sul do Loire, mais precisamente a Bordéus, tendo como base “uma massa de brioche rica em manteiga e ovos”.

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