Para comemorar o Dia de São Valentim que se avizinha nada melhor que um poema de amor de um dos heterónimos de Fernando Pessoa: Álvaro de Campos.
Fernando Pessoa começa dizendo que as cartas de amor são ridículas, só o facto de serem cartas de amor é ridículo, mas, no fundo, ridículo é quem nunca escreveu cartas de amor, quem nunca amou... ridiculamente.
Todas as cartas de amor
Fernando Pessoa começa dizendo que as cartas de amor são ridículas, só o facto de serem cartas de amor é ridículo, mas, no fundo, ridículo é quem nunca escreveu cartas de amor, quem nunca amou... ridiculamente.
Todas as cartas de amor
são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.·
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Espero que tenhas gostado de ler este poema. Lanço-te três desafios:
O que é um heterónimo?
Como se chamava a amada de Fernando Pessoa?
Achas também que todas as Cartas de Amor são sempre rídículas?
Um afecto. BE
1 comentário:
A amada dele não era a Lua?
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