quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que o chamam de presente.


A JANELA
Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital.
Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes para que os fluidos circulassem nos seus pulmões.
A sua cama estava ao lado da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.
Os homens conversavam horas a fio. Falavam das respectivas mulheres, famílias, das suas casas, dos seus empregos, dos seus aeromodelos, onde tinham passado as férias… E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela.
O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a actividade e cor do mundo do lado de fora da janela.
A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus brinquedos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre por entre de todas as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.
Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os olhos e imaginava a pitoresca cena.
Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar e, embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas.
Dias e semanas passaram. Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia.
Ela ficou muito triste chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo.
Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a enfermeira deixou o quarto.
Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora.
Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela… que dava, afinal, para uma parede de tijolo!
O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela.
A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede.
“Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem…”.

Moral da História: Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas.
A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é dobrada. Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o dinheiro não pode comprar.
"O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que o chamam de presente.”

Texto tirado do Jornal Correio da Educação, nº188, de 17 de Maio de 2004, pela Marta Rodrigues, 6.ºB.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este texto é uma delícia! Todos o deviam ler: ele transmite uma lufada de ar oxigenado aos corpos e sobretudo às almas doentes. A moral da história já lá está, implícita no desenrolar do texto, explícita no fim. Vale contudo, ainda assim, insistir nalguns pontos:
1 – Somos mais felizes quando fazemos ou pelo menos contribuímos para a felicidade dos outros.
2 – É importante, na vida, sonhar mesmo quando internado num hospital e com uma doença terminal. «Nunca perca os seus sonhos» - reza um livro de Cury. Eles são um bálsamo para a alma. «O sonho comanda a vida», mesmo quando ela definha – acrescentamos nós.
3 – Como podemos fazer felizes os outros? Nos nossos dias, em que a comunicação é muito mais fácil, comunicamos menos. O texto também evidencia a comunicação directa, aberta e presencial com o amigo. Mais ainda, é pelo conhecimento e comunicação directos, que se fazem novos amigos e mantemos os que temos.
4 – Numa situação extrema como a narrada no texto, torna-se mais importante ainda alimentar o sonho do amigo mesmo que esse sonho seja irreal. É que se trata de dar um pequeno bálsamo de oxigénio que poderá ser o último laivo de felicidade de alguém nesta vida. O dia de hoje, o presente, é mesmo um presente, uma dádiva a fruir.
5 – Cada vez precisamos mais da amizade. Os bens materiais, o dinheiro, o poder… não substituem a verdadeira amizade. Esta é um tesouro que não se compra. As pessoas, hoje, são menos amigas porque competem mais pelos bens materiais e, por conseguinte, dão-se menos a si mesmas. Ora, a amizade é um bem doutra natureza e a sua ausência leva ao isolamento e mesmo a doenças da mente mais ou menos graves.
MP.

Anónimo disse...

Por favor..citou o nome de quem tirou a frase do Jornal,mas não o autor dela..sabe qual seria?Se o souber coloque para que mais pessoas o conheçam e divulguem a obra.ABçs..