quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um Olhar pelo Mundo da Dislexia...

DISLEXIA: (do grego) dus = difícil, mau; lexis = palavra

Embora se fale de dislexia, ao certo sabe-se ainda muito pouco, as respostas são insuficientes, as crianças, as famílias, as escolas, vivem esta problemática, por vezes, desamparados.

"A Dislexia é uma desordem, que se manifesta pela dificuldade de aprender a ler." (Federação Mundial de Neurologia, 1968).

"A Dislexia é uma dificuldade duradoura de aprendizagem da leitura e aquisição do seu automatismo, junto de crianças inteligentes, escolarizadas, sem quaisquer perturbações sensoriais e psíquicas já existentes.
(APEDYS - França)

"É uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de características. Torna-se evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. É hereditária e a maior incidência é em crianças na proporção de três para uma. (Ianhez; Nico, 2002, p. 21,22)

Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflecte a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente. Os pais, nem os professores são responsáveis por esta dificuldade específica de aprendizagem. Porém não devem ignorá-la.

Sinais de alerta:
- Dificuldades na linguagem oral;
- Não associação de símbolos gráficos com as suas componentes auditivas;
- Dificuldades em seguir orientações e instruções;
- Dificuldades de memorização auditiva;
- Problemas de atenção;
- Problemas de lateralidade.

A escrita disgráfica pode observar-se através das seguintes manifestações:
- traços pouco precisos e incontrolados;
- falta de pressão com debilidade de traços;
- ou traços demasiado fortes que vinquem o papel;
- grafismos não diferenciados nem na forma nem no tamanho;
- a escrita desorganizada que se pode referir não só a irregularidades e falta de ritmo dos signos gráficos, mas também a globalidade do conjunto escrito;
- realização incorrecta de movimentos de base, especialmente em ligação com problemas de orientação espacial, etc.

Na leitura e/ou na escrita:
- possíveis confusões
(ex: o/u; a/o; s/ss/ç; ch/x/j; s/z; f/v; p/b; ch/j; p/t; v/z ; b/d.; aõ/am; ou/on; m/n; nh/lh; b/v; b/d; p/q...)
- possíveis inversões;
(ex: ai/ia; per/pré; par/pra; sal/las; ra/ar; fla/fal; cubido/bicudo...)
- possíveis omissões:
(ex: livro/livo; batata/bata; biblioteca/bioteca; famosa/fama; casaco/casa...)

Respostas urgentes a implementar:
- Criação de estruturas de despiste e reeducação precoces.
- Consultas multidisciplinares para avaliação compreensiva de casos.
- Formação de professores numa pedagogia específica.
- Meios de informação sobre estruturas de apoio a alunos com dislexia.

Intervenção na sala de aula:
Partindo do princípio fundamental de que não há "receitas" infalíveis e adaptáveis a todos os casos. Antes pelo contrário, cada caso é um caso e deve ser encarado na sua singularidade e especificidade. Todavia, podem-se apontar algumas pistas de conduta e facilmente aplicáveis numa sala de aula.

1- Colocar o aluno numa das carteiras mais próximas do professor para que este o possa "vigiar" a atenção e dificuldades do aluno;
2- Eliminar possíveis focos de distracção (materiais desnecessários, janelas, colegas desconcentrados, barulhos,...);
3- Organizar os materiais de trabalho do aluno (organização do dossier, esquemas de cores, pasta de arquivos de trabalhos realizados,...);
4- Aulas de apoio individualizado a Língua Portuguesa (tendo em conta as dificuldades mais relevantes apresentadas pelo aluno);
5- Tomar uma atitude de "reforço positivo" junto do aluno, valorizando mais os progressos que as falhas.

O Papel dos Pais/Encarregados de Educação:

A nível emocional são crianças que têm tendência para desenvolver uma baixa auto-estima e um baixo auto conceito. É a este nível que os pais podem ter um papel determinante.

Antes de mais, os pais devem evitar transmitir à criança a angústia e ansiedade que eles próprios sentem perante estas dificuldades e, o importante, é que transmitam à criança que compreendem a razão das suas dificuldades de aprendizagem, e, sempre que possível, explicando-as. Os pais devem evitar comparar a criança com os irmãos ou colegas da sala ou colocá-la perante situações, nas quais sabem, à partida, que a criança não tem sucesso. Mais importante do que elogiar os sucessos é elogiar os enormes esforços que a criança faz para os conseguir.

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