quarta-feira, 14 de maio de 2008

As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas florestas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
No teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
Basta um vaso de sardinheiras.

Braga, Jorge Sousa – Herbário. Lisboa. Assírio & Alvim, 1999
(Poema gentilmente indicado pela Professora Arminda Almeida)

3 comentários:

Anónimo disse...

Na verdade os livros são essenciais à nossa existência. Belo poema este! Que ele nos inspire a termos todos nós pelo menos a tal sardinheira. Quem sabe... talvez um dia ela se transforme num arbusto e mais tarde numa bela e viçosa árvore!

Boas Leituras...

AAlmeida

Ana disse...

Desenvolver o gosto pela leitura é uma arte que nos permite subir ao mais alto das árvores... respirar o ar adocicado da natureza literária...olhar o mundo com o brilho de quem descobre em cada folha/página a beleza de um novo sonho.
Obrigada por permitirem com esta rota dos sonhos literários saborearmos momentos tão delicados.
Ana

Alexandra Fonseca disse...

Belo poema...